quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Projetos de Aprendizagem

Foi estudando agora os PAs que me dei conta de muitos aspectos que durante o trabalho prático não havia percebido. Desde o inicio do nosso PA tive a clareza de que se tratava de uma pesquisa bem diferente das pesquisas de aula, por que o tema a ser trabalhado é definido pelo aluno/grupo, não pelo professor, tanto o roteiro quanto a conclusão no PA não está fechado. O processo é mais importante do que o resultado; a valorização da curiosidade (epistemológica), a observação com registro respectivo, a investigação das hipóteses, o interesse e entusiasmo que envolve a própria pesquisa remetem para um trabalho de iniciação científica, onde o resultado, a investigação sobre as dúvidas temporárias, as certezas provisórias não está determinado como nas pesquisas habituais. É uma metodologia de ensino que prepara para a autonomia e liberdade. Também pode ser trabalhado com crianças desde as séries iniciais do Ensino Fundamental até as séries finais do Ensino Médio.
Segundo o texto:... Nesse tipo de proposta inicial, a idéia é a de que o aluno ”Precisa aprender a entregar-se com alegria à aventura de soltar a imaginação e a inteligência para criar e construir o novo, sempre disposto a reconstruir, na medida que entende a relatividade do produzido”.(MAGDALENA e COSTA, pg. 93, 2003).
Também é fundamental a pergunta norteadora que desencadeia a atividade mental para buscar elucidar as dúvidas temporárias, as certezas provisórias, baseados nos conhecimentos prévios já construídos pelo aluno-pesquisador.
Cabe referir o impulso que a web 2.0 dá aos Projetos de Aprendizagem, possibilitando a comunicação, a troca e ampliando as fontes para a pesquisa. É ademais uma excelente metodologia para incluir o uso do computador em sala de aula.
A implantação dos laboratórios de informática foram extremamente importantes para as escolas públicas, pois muitas crianças não possuem computador com internet em casa, mas muitas vezes a utilização do laboratório de informática é mal gerida, burocratizado, ficando mais para o corpo docente e setor administrativo da escola. Portanto, é na implantação do Projeto UCA- Um Computador por Aluno- que efetivado proporcionará a inclusão digital, com avanço na aprendizagem das crianças, e um acesso ao mundo da informática.
Outro aspecto relevante a registrar é a postura que os profissionais da educação precisam ter em tomar a informática como aliada, incluir e qualificar sua utilização no dia a dia da escola...Até entendo que para muitos de nós é um desafio a ser superado, pois não recebemos formação nesta área, mas não tem como subtrair essa importante ferramenta nos dias atuais. É anacrônico o argumento de que o computador tira o lugar do professor, na lógica de que só o professor “precisa ministrar o ensino”, é a única fonte responsável pela “ensinagem”. Entretanto, o professor não é o único detentor do saber, é sadio incorporar que autoridade não pode servir para coibir alunos a pensar, questionar, discordar e fundamentar suas posições, pelo contrário, ele deve ser um dos estimuladores pra que cada aluno construa sua autonomia.
Já sabemos que no perfil do atual professor, se espera dele um papel de mediador e instigador, não é apenas ensinar conteúdos transitórios, mas levar o aluno a aprender a resolver problemas, pensar, posicionar-se, enfim intervir na sociedade...É o aprender a fazer...
Hoje eu teria segurança e competência para aplicar os PAS na minha sala de aula, com crianças, adolescentes e jovens e adultos...Construí um bom acúmulo sobre o tema.

Libras...Muito a aprender

Já relatei que convivi muito com alunos surdos, pois na escola que passei a trabalhar em Torres no ano de 1992, estudava um grupo de surdos...
Aliás, a primeira surpresa que tive foi não entender como numa escola tão conservadora tivesse espaço para “diferentes”. Logo percebi que a diferença não era respeitada por imposição do direito fundamental e da democracia assegurados a todos os cidadãos; eram encarados como “coitados”, nessa visão a escola era a “boazinha” por lhes fazer essa “concessão”.
Humildemente reconheço que colaborei para que os surdos da escola se empoderassem, tendo vez, voz nas suas reivindicações. A minha atitude e postura na época para abordar a questão dos alunos surdos na escola foram mais intuitivas do que conscientes. Sempre soube que ouvir as pessoas em relação ao que querem é primordial, pois cada um sabe do que precisa...
Mas consegui traçar uma analogia com os filmes que assisti ” Menino Selvagem” e “Seu nome é Jonas”, bem como com os textos lidos, sobre quais são as medidas e os aspectos a serem observados e seguidos para que os alunos surdos sejam educados adequadamente, obtendo sucesso no estudo.
Até então, mesmo constatando a trajetória de sucesso no estudo, a integração com a comunidade surda, a interação social com os ouvintes, a chegada ao mercado de trabalho que ocorreu... Nunca havia percebido que isso ocorreu por que alunos, familiares e professores tiveram acesso ao estudo de libras; a presença de adultos surdos, no caso duas professoras com o domínio da língua de sinais; convívio e trocas com outras comunidades de surdas...Enfim, estas medidas fizeram avançar o estudo dos nossos alunos surdos, como mostrou bem nosso diferente material para estudo deos alunos-professores.
Através dos subsídios com os quais trabalhamos me sinto não só mais sensibilizada como pessoa e cidadã, mas especialmente mais preparada profissionalmente para o desafio de trabalhar com alunos surdos, tendo , é claro, que estudar bastante sobre o assunto. Inclusive julguei importante me inscrever para o curso de libras no SENAC.
Para promover uma inclusão de qualidade precisamos reconhecer toda a especificidade da comunidade surda, investir na mesma, com certeza dessa convivência sairão enriquecidos ouvintes e surdos.