quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Postado por FABIANA SOARES MATHIAS em 28/06/2009

Maria É só a educação que permite esse trânsito, mudança, revolução? Teu terceiro parágrafo é muito instigante, por que mencionas fatos, atos da história, para demonstrar que ela não é retida, parada, mas o holocausto mencionado no texto é um processo em anos de extermínios cruéis que vivemos. A barbárie não é história é política, econômica, moral, social, humana, mas precisa ser contida. Quando negas que a educação atual seja o real caminho para uma revolução social demonstras clareza não só na análise crítica do texto, mas sensatez educacional. Maravilhoso trabalho

Reflexão sobre educação, civilização e barbárie, a partir de Auschwitz:

O veículo que permite a travessia do estado de barbárie para a civilização é a educação, porém não qualquer educação. Visto que não é possível instalar um processo civilizatório sem boa dose de repressão, para a qual contribui a instituição escolar, heranças de barbárie excitem no seio de sociedades civilizadas.

Civilização e barbárie não constituem polos que não se comunicam. Tampouco a barbárie é uma característica exclusiva de povos ditos “primitivos”. A violência, a crueldade e a tendência destrutiva são inerentes à condição humana, de tal forma que a civilização contemporânea criou armas mais perigosas do que quaisquer outras jamais imaginadas anteriormente.

Os campos de concentração nazistas, as bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, os intermináveis conflitos bélicos no Oriente Médio, os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, os inesperados ataques suicidas contra estabelecimentos escolares (Columbine nos EUA, Beslam na Rússia etc.), a tortura dos prisioneiros de Abu Ghraib e Guantánamo, os genocídios no continente africano – tudo isso são fatos recentes a demonstrar que no mundo “civilizado” o mal manifesta-se de um modo muito mais drástico do que em qualquer outro período da história da humanidade.

Por honestidade intelectual, saliente-se que a educação, em si e por si só, não é capaz de impedir o ressurgimento do terror nazi-fascista, mesmo porque, à evidência, antes de Auschwitz já havia educação (rigorosa), religião (responsável por incutir no coração do homem os escrúpulos morais), filosofia (mais de dois milênios de tradição racionalista), poesia etc. A questão que se coloca, então, traduz-se nos seguintes termos: de qual educação necessitamos para a construção de um outro mundo possível (another world is possible), onde os fatos de Auschwitz não tenham lugar?

Não a educação acrítica, historicamente descontextualizada, focada exclusivamente na preparação do aluno para a eficiência técnica e para a subserviência diante de autoridades inescrupulosas; mas, sim, a educação para o exercício da responsabilidade, a afirmação de valores éticos transcendentais, a criticidade, a problematização de situações do cotidiano vivido, o diálogo, a grande celebração do encontro com o outro enquanto oportunidade insubstituível de enriquecimento pessoal e coletivo – enfim, em vez da culpa, do rancor, do medo e da intimidação, faz-se urgente introduzir na prática docente a educação pela doçura e a amorosidade.

A rigor, se ensinar é aprender, não há ensino, só aprendizagem; logo, a aprendizagem (que se processa em um contexto social) é o ato fundante, e não o ensino. Pregar o contrário disso significa propagar o charlatanismo pedagógico. E se a aprendizagem também se faz no “asfalto da vida”, não será no intramuros das obsoletas instituições escolares que impediremos o ressurgimento de Auschwitz, mas através de uma educação democrática que envolva todo o aparato institucional implicado na causa da formação moral e intelectual da presente e das futuras gerações, a saber: família, Igreja, Estado, escola, meios de comunicação de massa, movimentos da sociedade civil organizada, partidos políticos, sindicatos, organizações não-governamentais etc.

Na minha experiência docente concreta poderia listar muitas vitórias com uma perspectiva de outro mundo possível, e conseqüentemente, de outra educação possível, entretanto também no cotidiano escolar testemunhei resquícios do atraso, do preconceito, do autoritarismo e até da doutrina nazi-fascista, onde a tão apregoada “escola pra todos” é uma farsa. Assisti alunos oriundos das classes populares serem literalmente excluídos da escola pública em pleno tempo de inclusão, assisti alunos em modalidades de ensino que pedagógica e legalmente precisam ser tratados de forma diferenciada (EJA), terem sua realidade uniformizada, desconsiderada e desconstituída criminosamente por omissão ou ação, consciente ou inconscientemente em primeira mão pelas autoridades da área educacional.
Pessoalmente estou vivenciando como parlamentar a realidade da população prisional, que na verdade nos remonta à Idade Média, com celas que na verdade são masmorras, sem condições sanitárias e humanas de sobreviver com um mínimo de dignidade. A pena das pessoas imputada pelo Estado é o cerceamento da liberdade mas, na verdade são seres sem chance de se ressocializar, submetidas a tratamento cruel. Com a aprovação silenciosa da sociedade. Idem é o tratamento dado para a população de rua, drogados crônicos, doentes mentais, etc... que não está tão distante como gostaríamos de um holocausto.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

SI-Parte2- Rec.Étnica-racial

CONTANDO ALGUMAS HISTÓRIAS VIVENCIADAS


Acredito ser de fundamental importância o Estado Brasileiro (mesmo tardiamente), além de fazer leis que possam ajudar a promover o reconhecimento e respeito por todas as etnias que compõem o território, contribuindo para preservar e construir sua riqueza, bem como criar outros mecanismos que resgatem a memória, a história e os direitos desses cidadãos brasileiros.
Sei um pouco da cultura indígena. Fui admiradora dos indigenistas Irmãos Villas-Boas, assistia a suas entrevistas, lia seus livros e admirava a dedicação na defesa dos nossos índios.
Também tive um amigo médico, especialista em doenças tropicais, morou com muitos anos na Amazônia, com ele aprendi a conhecer e admirar profundamente nossos doces irmãos “selvagens”. São histórias incríveis que o amigo testemunhou e contava, muitas recontei pros meus alunos.
Sempre trabalhei esta temática, ainda quando não estava em voga essa questão.
Lembro que na década de 80, trabalhei numa escola pública de muito boa qualidade; éramos um grupo de professores progressistas, inteligentes, democráticos e entusiasmados... Ficávamos indignados com a estreiteza com que se abordava as questões indígenas, fomos buscar orientações, fazendo um contacto com a ANAÍ- Associação Nacional de Apoio ao Índio ( hoje leva o nome de... A. N. de Ação Indigenista), foi lá que conheci a eco feminista Hilda Zimmermann, que reencontrei anos depois nas lutas ambientais em Torres, e da qual me tornei grande amiga.
Toda essa rica diversidade cultural daqui não é bem aproveitada e tratada. Não consigo me conformar que nosso país, com todo esse potencial natural exótico, não esteja gerando riquezas e sustentabilidade com o vasto e rico artesanato indígena (plumagem, cerâmica, cestaria, eco jóias- feitas de sementes) e incrementando o turismo ecológico com condições plenas para o sucesso.
Como professora vivenciei várias formas de trabalhar essa questão, um tanto pontuais, mas válidas como experiência.
- Para trabalhar a realidade indígena do Brasil apresentamos aos alunos das séries finais os seguintes dados:
1º- Dados do IBGE- Ano 2001:
-Quando os portugueses chegaram ao Brasil havia aqui 5 milhões de indígenas, hoje são em número de 300 mil mais ou menos.
a- Analise e registre suas conclusões sobre os dados
b- Comente essas conclusões com o grupo de alunos que tenha o mesmo nº.
c- Debater no grande grupo as conclusões do grupo.

2º- Em Torres, nas margens da BR-101, habitam os índios da etnia guarani e guarani-mbya, se ocupam da agricultura, e fazendo sua arte primitivista com esculturas de animais em madeira, e cestaria com cipós e taquaras. Todo ano íamos visitá-los, levar presentes, brincar, fazer apresentações artísticas; muito interativos nos respondiam na sua língua,com suas doces cantigas e com danças.
Era uma bonita integração multicultural.

3º - Numa ocasião visitarem a escola a nossa convite. Era uma atividade bem maior organizada pela EJA.
Fizemos uma exposição com seu artesanato, um Recital com poesia, música, leitura de um bonito texto... Culminaria com uma janta.
“Os homens índios tocaram numa tosca viola de madeira, mas logo a violinha enguiçou e o pajé Virgulino falou:” oh! tá doente”... Diante do riso carinhoso de todos. Conversaram entre eles na sua língua, e de repente alguém aparece com um produto chamado líquido de isqueiro, o qual pingaram na violinha que “sarou..”

SI-Parte2-Rec-Filosofia

FILOSOFIA... QUEM DIRIA...

Nunca fui uma leitora de filosofia, mas não sentia muita necessidade na disciplina...
Mas devo confessar que a interdisciplina que acreditava seria a mais difícil (e chata), por esse motivo tentei primeiramente fazer suas atividades, me deixou deveras entusiasmada.
Mas, Céus! Quanta ignorância minha, em pensar que filosofia seria só teoria, muita idéia sem aplicabilidade, sem uma correspondência na vida real.
Quantas coisas interessantes sobre o mundo natural e o ser humano e sua essência os pensadores já escreviam a.C..
Dentro desse contexto conheci melhor o ateniense Sócrates, nascido em 470 a.C e que diante de quem lhe julgava o mais sábio proferiu: ”Só sei que nada sei”.
Mas foi através do texto de Platão: ”Apologia de Sócrates” estudado nas aulas de Filosofia que tomei o primeiro gosto pelo tema. Nota dez em argumento, uma peça que merece ser estudada.
Sócrates que apesar de não deixar nada por escrito, teve seguidores que registraram seus pensamentos e posicionamentos. Me encantei tanto pelo pensador e orador célebre, que passava pregando em espaços públicos, ensinando de graça aos jovens. Peregrinava entre o povo, com bom humor e coerência discursava sobre a ética e a política.
Descobri até um filme sobre a vida de Sócrates do diretor Roberto Rossellini, uma beleza!
Acho que o próprio Cristo (homem) séculos depois pode ter sido influenciado pelas suas fortes e profundas falas, que deixaram muitos seguidores depois de ter sido condenado a morrer envenenado, tomando cicuta.
Confesso que fiquei tão interessada que fui ver a peça ”O BANQUETE” de Platão no Teatro São Pedro. Foi a primeira vez que fui ao teatro para ver uma obra de um filósofo antigo. Viajei e viajo quilômetros para ouvir Márcio Portchmann, Emir Sader, Leonardo Boff, Marilena Chauí e o saudoso Paulo Freire, mas humildemente devo reconhecer e confessar que me faltam credenciais intelectuais para entender os nossos filósofos acima referidos.
Tenho um amigo que sempre me dizia: “Já leste Sócrates, Platão, Kant, Nitzche...?”
“-Não se pode morrer sem ler estes autores...”
Hoje já concordo com essa idéia, até já li alguns fragmentos dos mesmos..
Numa ocasião falei para professora lá no Pólo, sobre os pensadores da Educação: ”... não agüento a leitura desse autor..., não dá para aplicar isso...” ao que ela me respondeu
- ” Mas é para conhecer como e porquê muitas coisas são como são ainda hoje na educação...”
Concluo que estudar filosofia é fundamental para entender o pensamento do mundo tanto no passado, quanto no presente.Fiquei encantada com a interdisciplina!

SI-Parte2-rec-Seminário Integrador

NADA É POR ACASO....

Acredito que nada é por acaso... Certamente foi Jung ( filósofo, médico estudioso da psique) que falou nisso...O mesmo autor que falava dos arquétipos, do inconsciente coletivo; muito tempo antes da descoberta e confirmação recente do genoma.
Pois cada um de nós temos jeitos próprios, (antiquados por vezes) para interagir com o meio e às inovações.
Foi preciso que eu entrasse em recuperação, tivesse de aprofundar os estudos sobre o portifólio para entender o que realmente significa para um aluno-professor construir, utilizar e acompanhar seu próprio desempenho através do portfólio.
Não possuía a dimensão dos aspectos positivos desse moderno recurso pedagógico, apesar de utilizá-lo várias vezes, era praticamente inconsciente quanto ao seu potencial e eficácia para nos proporcionar uma auto-avaliação, bem como dar a oportunidade a formatar um leiaute personalizado ao nosso texto, tingindo o mesmo com as cores impressionistas das nossas emoções e sentimentos. O que de um lado nos deixa com o ego fortalecido, mas de outro lado também pode nos revelar um tanto fragilizados por nos mostrar tanto assim...
Temos uma cultura da oralidade, inclusive nós professores. Falar é mais fácil que escrever, porque escrever é inscrever, documentar, assumir!
Deve ser por isso que resistimos um pouco em escrever, (eu desconhecia isso em minhas atitudes). Quando o registro é com publicização maior é o compromisso, pois ficará exposto o que defendemos.
Não tenho ficado a vontade para expor tudo, não sei o porquê...
Mas preciso admitir que o portifólio seja um instrumento ótimo, pois nos concede todo o protagonismo na autoria. Vamos mostrar o que realmente estamos pensando naquele momento e se a teoria e a prática estão interligadas, se há coerência entre elas.
Fazer nossos registros evidencia como temos construído nossas aprendizagens, as mudanças que ocorreram em nossas concepções. Também criar, refletir, auto- avaliar-se e estabelecer parcerias mútuas na troca e interação com colegas.
Cada qual tem a oportunidade de organizar de seu modo o trabalho, reformular, e anotar o experimento e os sentimentos que vivenciou nessa trajetória.
Hoje tenho uma visão ampliada e valorizada do potencial que pode representar um portifólio!
Em relação ao blog , que pra mim não era um instrumento sério e eficaz para realizar estudos e trocas substanciais (como imagino o Orkut) estou revendo meus pré-conceitos....











SI-Parte2-rec-Psicologia

JEAN PIAGET- Decifrando como se constrói a inteligência das crianças



Eu sempre quis saber mais sobre Piaget.
Em 1999 uma amiga me falou que fez um curso sobre o tema, onde o professor teria explicado muito bem como acontece a psicogênese. Fiquei muito curiosa e ela tentou me explicar alguns poucos aspectos. Afinal no momento da sua morte em 1980 era verdade corrente que o psicólogo suíço, estudioso da inteligência infantil era um autor mais avançado que os demais, e que o seu método revolucionou antigos conceitos, porque explicou a conduta cognitiva da infância em bases científicas de um modelo genético universal sobre o desenvolvimento da teoria do conhecimento, enfim o construtivismo ganhava atenção da comunidade educacional mundial.
Naquela época já se sabia que se basear em Jean Piaget, exigia aprofundar estudos para empregar bem o método com o ensino das crianças.Sei que houve muita confusão inicialmente, pois o estudo foi insuficiente, e aplicação equivocada , gerando uma certa confusão em torno do método.
Quanto a mim não aprendi a trabalhar com crianças das séries iniciais, não fiz o curso Normal/Magistério, por isso hoje, embora já tivesse estudando esse tema no PEAD, acharia difícil e me sentiria ainda insegura para aplicar Piaget no cotidiano da sala de aula. Embora os primeiros contactos que tive com a teoria construtivista foi em eventos educacionais, através das palestras do prof. Fernando Becker, mas, pessoalmente preciso estudar muito sobre o construtivismo para ter segurança em utilizar esse método, ou para orientar professores para utilizá-lo.
Sem dúvida diria que é a interdisciplina que mais preciso estudar é psicologia, pois considero de suma importância para e desempenho de todo professor o estudo dessa disciplina.
Pude observar muito bem na escola quando uma professora que utilizava o método construtivista: seu trabalho se diferenciava muito dos demais: a sala estava com classes e cadeiras dispostas em U, ora tinham atividades no pátio, ora sentavam em seus tapetes em sala de aula... As crianças sempre estavam envolvidas com atividades bem contextualizadas, interagiam com estas e seus colegas. Percebia-se que estes alunos eram mais dinâmicos, autônomos e críticos do que seus colegas das outras turmas da mesma série.
A disciplina que mais gosto é psicologia, mas também é essa mesma disciplina que mais preciso estudar.
É um desafio pra eu continuar estudando e aprofundando esse tema, pois preciso dominar melhor o mesmo, porque através dele podemos contribuir para que o ser humano tenha a tão desejada autonomia.