terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Estou ficando anti–social?

Sempre gostei de fazer trabalhos em grupo, não só porque fica mais prazeroso e interessante quando o estudo é compartilhado, mas porque junto com o estudo acaba afinando alguma simpatia e amizade.
Mas ultimamente não tenho gostado de fazer trabalhos em grupo. Parece-me que estes ficam mais difíceis e complicados em função do horário exíguo que cada um dispõe pra esse fim, ou quando não tem como acessar as ferramentas de informática no tempo certo, o que implica em atraso para pessoas dos trabalhos em grupo, prejudicando não só a nós, mas as demais pessoas, o que é motivo de constrangimento.
Outro aspecto que me desgostou foi meu trabalho de Seminário Integrador sobre as perguntas, e uma tabela sobre o tempo terem sido deletados, pois tenho certeza que fiz os mesmos, inclusive os postei, utilizando o computador de uma colega, já que a minha conexão é discada, demora e cai. Não gosto mais de deixar os trabalhos para todos lerem, quero deixá-los disponíveis só aos formadores os leiam; afinal são os que vão ler, e nos darão algum retorno. Não quero ninguém bisbilhotando meus trabalhos!
Outra coisa chata é ler os e-mails da lista, quando não nos dizem respeito, são comunicações entre colegas, entre colegas e tutores, entre professores e tutores, enfim é número grande de e-mails que não teria porque estar pro acesso de todos, já que o interesse é restrito, inclusive pontuando um assunto com uma pessoa em particular.

Sempre é tempo de aprender

Importantíssimo eu ter estudado em Psicologia da Idade Adulta, especialmente no Projeto de Aprendizagem sobre “Atividade na terceira idade. ”
Apesar de eu ser uma pessoa bastante ativa, sou sedentária, estando bem próximo da referida 3ª idade, por isso este estudo me convenceu da necessidade de permanecer não só intelectualmente ativa, mas com uma atividade física, como caminhar, dançar, fazer hidroginástica, yoga, musculação, etc. Pois as estatísticas não deixam duvida: quem tem atividade intelectual, alimentação saudável e pratica atividade física tem a chance de chegar na terceira idade com saúde e qualidade de vida, retardando o processo de envelhecimento.
Segundo Resolução da Assembléia das Nações Unidas, quem reside em paises em desenvolvimento, chega nesta fase da vida em aos 60 anos, os viventes das sociedades desenvolvidas entram na terceira idade aos 65 anos. Provando assim, que a condição social de vida têm influencia direta na saúde das pessoas.
Coincidentemente precisei ir ao cardiologista há poucos dias, quando ele me falou sobre os riscos de quem tem sobrepeso e é sedentário; resolvi não mais adiar a questão da atividade física estar presente no meu dia-a-dia.
Quantas coisas nós sabemos a nível intelectual e racional. Mas não incorporamos esses saberes na nossa emoção e no coração!
Pessoalmente foi assim que vivenciei o nosso projeto de aprendizagem, pois me ensinou muito sobre o cuidado que devo ter para envelhecer sadia e com qualidade de vida, aprendi tanta coisa, que inclusive estou sempre alertando meus familiares, especialmente a minha mãe sobre como devem se cuidar.
Fiquei convencida de quanto os Projetos de Aprendizagem são importantes, servindo esta metodologia para estimular o interesse, a autonomia e a iniciação à pesquisa, bem como centrar o foco do aprender no trabalho do aluno.
È impressionante a quantidade de conhecimentos novos que se aprende num projeto de aprendizagem. Na verdade não é só em torno da própria pesquisa, mas conhecimentos que se relacionam com esta, quando precisamos aprofundar e queremos por curiosidade aprofundar outros aspectos pesquisados, o que oportuniza um conhecimento bem maior.
Pra mim o tema 3ª idade foi bastante novo, pois sabia pouco sobre a mesma. Assim também os conselhos do meu cardiologista tiveram outro significado, suas orientações testemunharam os meus estudos. Experiência muito significativa.
Gostei de um pensamento que li durante o mesmo: “Não adianta somente adicionar mais anos à vida, é preciso adicionar vida aos anos”
Diante disso eu preciso preparar a chegada da velhice, o é fundamental para vivê-la bem.
Nunca havia refletido que esta poderia ser a fase mais longa da nossa vida; sabendo que uma terceira idade ativa nos poupa de termos acidentes vasculares, doenças crônicas, problemas no movimento, o que significa para o idoso autonomia e independência.

domingo, 5 de outubro de 2008

PSICOLOGIA DA VIDA ADULTA

O ser humano, do ponto de vista biológico desenvolve-se em quatro etapas INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA, ADULTO E VELHICE. De caráter legal temos a Infância, a adolescência e o adulto. Já com relação ao comportamento temos alguns estudos do ponto de vista psicológico, Piaget estudou as fases da criança, que proporcionou grandes avanços na elaboração de uma nova pedagogia, uma nova metodologia de aprendizagem.
Erik Erikson foi além da infância, embrenhou-se na adolescência e na vida adulta, pois estas etapas do ser humano ainda estão em processo de construção e re-construção, servindo cada fase de pilar para a sedimentação da próxima, o autor definiu 08 etapas do comportamento humano. Etapas que pudemos analisar observando pessoas quando construímos o quadro desafio da disciplina, analisamos estas pessoas diante da sua faixa etária com relação aos aspectos psicológicos, biológicos, relacional, familiar, amoroso, profissional e financeiro.
Erikson denominou a adolescência (5ª fase) como Identidade x confusão de papéis , a 6ª fase – a fase da maturidade chamou de intimidade x isolamento, a meia idade constitui o 7° estágio ou Generatividade x absorção de si mesmo, e o 8° integridade x desespero que seria a velhice propriamente dita.
O que achei interessante nos estudos de Erikson foi que ele não somente define as etapas, mas também como se dá quando construída positivamente e negativamente, ou seja, com sucessos e fracassos. Ele sugere que existem crises emocionais que são exclusivas de cada estágio de vida.

ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO

Esta interdisciplinar me proporcionou conhecer como a educação brasileira foi esteve organizada em seu contexto histórico e político, e o quanto tais aspectos influenciam na construção de um carater educacional de uma nação.
A cada governo novas perspectivas e paradigmas são construidos,porém nunca concretizamos grandes avanços. Após a Proclamação da República travou-se muitas lutas para uma educação de caráter laico, de qualidade e gratuita para o o povo, mas percebemos que os interesses das minorias das elites estiveram sempre em primeiro plano.
Uma das lutas mais expressivas foi o movimento da ESCOLA NOVA,formado por vários educadores liberais que renovaram e revolucionaram o ensino em diversos estados, tendo como líder Anísio Teixeira, que promove em 1931 a IV CONFERÊNCIA NACIONAL DA EDUCAÇÃO, para discutir as novas diretrizes da educação. Tendo por resultado o MANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA, que foi de grande expressão pública, tendoem vista a credibilidade da prática pedagógica
Em 1933 foi convocada uma Assembléia Nacional Constituinte, que resultou com algumas vitórias para a educação na Carta Constitucional de 1934, como:
* Plano Nacional de educação - fiscalização de sua execução
* Obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário, com tendencia de gratuidade para o secundário e superior
* Obrigatoriedade de concurso público para professor
* Dotação de recursos para a educação
Porém com o golpe militar de Getúlio Vargas em 1937, com a instituição do estado Novo estas conquistas foram deixadas para traz,a educação deixou de ser concebida como direito de todos.
Após leis orgânicas, uma LDBN organizada em pleno Regime Militar e aos moldes americanos. Surge na República Nova a possibilidade de uma democratizaçãode fato na educação, a partir da constituição de 1988, onde vimos a educação organizada nas três esferas, a abertura para uma nova LDB e um novo PNE, embora na prática não sentimos uma escola 100% democrática, mas sentimos o gosto de grandes conquistas, e o avançar para alcançá-las.

domingo, 20 de julho de 2008

SÓCRATES TINHA RAZÃO:...

“ Só sei que nada sei¨...ou¨ “Quanto mais sei, mais entendo que nada sei”!
Apesar de estar atrasadíssima e atarefada, preciso reconhecer que é muito bom estudar.
Não sei como pude ficar tanto tempo longe dos estudos acadêmicos.
Quanto a esses saberes, muito tem me ajudado nas minhas diferentes práticas e reflexões: na profissão, na militância política, partidária, sindical, ambientalista e nas iniciativas da economia solidária, a melhor entender e intervir nas coisas.
Até na relação com as pessoas, principalmente com a juventude... Há mais de um mês um jovem amigo e ex-aluno me perguntou se eu conhecia Freud, ao que respondi: “Alguns fragmentos”. Falei das aulas de psicologia no PEAD, do que Freud pensa da tarefa de ensinar...
Achei interessante quando perguntei qual seria a peça, ele me respondeu: “Fala sobre as coisas do nosso porão, assim poderemos nos conhecer e entender melhor .
Enfim o ex-aluno, sabendo que seguidamente vou a POA e gosto de teatro convidou-me para ver a peça teatral: ”Édipo” baseado em Freud, que esteve em cartaz no Teatro São Pedro.
Muito lisonjeada fiquei pelo convite, mas muito mais por ter vindo de um intelectual jovem e ex-aluno .. Sabem da história do discípulo que supera o mestre?
É um exemplo vivo do caso!
Ao que concluí e decidi que é urgente estudar sempre mais, até “ pra bater um papo” com próximo jovem tão brilhante.

Porque existe MST?

Foi relendo sobre a história e geografia do RS, quando meu objetivo era provar a pluralidade e diversidade étnica e cultural do estado, bem como os diferentes climas, relevos, etc.que observei dados instigantes sobre o problema fundiário do estado.
Afinal, não era um texto de Tao Golin ou Ciro Martins, autores que sabiamente contam a história do Rio Grande não a partir da ótica das elites do estado (passadas e presentes), mas a partir da ótica do povo humilde que trabalha nas estâncias e fazendas deste estado.
Foi em livros de Regina Portella Schneider, Felipe Piletti e Igor Moreira que comprovei sobre a nossa diversidade, o que, aliás, era o objetivo da minha pesquisa, mas, além disso, encontrei dados que comprovam nosso problema de concentração de terra, com a conseqüente saída do estado dos descendentes de colonos rio-grandenses. Estas emigrações vem acontecendo desde a década de 1930 até nossos dias e aconteceram assim: Em 30-SC; 40-PR; 50 e 60-MS; 70-MS,MT-RO-GO-PA; 80 e 90-MG-BA-PI-MA-TO-MT-RO-AC-RR-PARAGUAI e ARGENTINA.
A estrutura fundiária do R.S.onde 2% tem muita terra, 5% tem médias propriedades, 29% tem pequenas áreas de terra e 64% dos imóveis rurais são considerados minifúndios. Pelas sucessivas divisões das heranças nas pequenas propriedades foram acontecendo e forçando as migrações e o êxodo rural.
Entendi através dos gráficos para as crianças da 4ª série, porque existe hoje Movimento Sem Terra no estado e país, exigindo Reforma Agrária, o que, aliás, já aconteceu no 1º mundo ainda na Idade Média.
A mídia mostra o MST, suas mobilizações, principalmente algum exagero que o movimento possa cometer aos “olhos” do senso comum, entretanto nunca mostrou de onde e o porquê veio!
A curiosidade, e investigação, o levantamento de hipóteses, as conclusões nos foram ensinados através do curso...

O tempo e o espaço

Muito interessante como o tempo e o espaço foram trabalhos em todas as interdisciplinas.
Honestamente pra mim estes dois conceitos, Tempo e Espaço seriam temas para estudo em história e geografia, e tempo era o tempo cronológico apenas.
Constatei que o tempo e o espaço foram trabalhados em todas as interdisciplinas.
Pudemos ver as diferentes dimensões do tempo e do espaço.
Há o tempo passado, onde nossos antepassados escreveram a história, também o tempo contemporâneo com suas várias realidades, composto pelo diferentes “eus”, pelo “nós” coletivo com suas diferenças e semelhanças, com seu espaço local, regional, nacional e planetário. Está evidente também que o tempo e o espaço sofrem transformações, pela ação ou falta de ação das pessoas, pessoas essas que intervém mais ou menos na história.Cada pessoa tem seu espaço particular e coletivo, assim como tem o espaço do “nós”, do coletivo.
Num tempo que se fala muito em inclusão e diversidade cultural é bom ”plantar” a noção do “outro”, semelhanças e diferenças.
Reconhecimento de que a história não está só nos documentos escritos, pode ter muitas outras fontes tão fidedignas quanto a documentação oficial.
Acredito que Estudos Sociais, trabalhado desta maneira ajuda a construir o cidadão participativo, questionador e autônomo.
Pode começar com a criança estudando sua escola, seu bairro, sua comunidade com os costumes e a história do seu povo. Mas, deve-se estar aberto para outro tema mais mobilizador e interessante para os alunos.
No momento, vejo o país da China chamando a atenção da criançada, em função da realização dos Jogos Olímpicos estarem sendo amplamente divulgados na mídia.

Escrever bem?... Quanto mais se escreve, mais se aprende a escrever!

Abri meu e-mail com a Professora Marie Jane nos indicando um site para aprender como escrever bem, pelo que agradeci, é lógico. Qual ser humano que não quer saber se expressar e escrever muito bem. Utilizar bem essas ferramentas que nossos antepassados nos legaram, e com as quais nos comunicamos e primordial para a humanidade.
Reconheço que é difícil escrever bem, mas também há estética e prazer em escrever /ler um texto bem escrito.
Já tive muito complexo de inferioridade em escrever, reescrever e escrever outras tantas vezes um texto. Há dias ouvi o escritor gaúcho Luiz Fernando Veríssimo dizer numa entrevista, que às vezes, precisa escrever um texto mais de 10 vezes. Pensei: Bem, se LFV precisa escrever mais de 10 vezes um texto, eu ainda estou escrevendo pouco.
Logo fiquei a deduzir o quanto seria bom interagirmos mais, embora virtualmente, seria um importante espaço de aprendizagens e trocas principalmente no exercício da escrita.
O que, aliás, tenho feito pouco. Inclusive às vezes, sinto dificuldades de dizer exatamente o que pretendo, ou não interpreto corretamente o que leio nos enunciados dos trabalhos e exercícios.
O curso tem feito nós escrevermos e lermos bastante, nos envolvendo sempre muito. Mas concordo que escrever bem é uma arte que precisa ser exercitada, trabalhada... Do contrário, não nos aperfeiçoaremos. Pois essa arte é bem trabalhosa na verdade!.
Mesmo escrevendo um texto escolar, pode-se retomá-lo uma, duas, três vezes. Sempre há o que fazer para melhorá-lo. Ou será que isso já é sintoma de uma lacuna que ficou de alguma etapa da aprendizagem.
A professora Nádie, de forma competente e inteligente (como ela é na realidade) percebeu que num texto que produzi “faltou fazer o fechamento, algo que concluísse e interpretasse a tuas idéias... Não te parece que o texto ficaria melhor?”
É exatamente isso, no atropelo o mesmo não ficou bem, retomarei assim que puder.
O escrever bem me parece como burilar uma pedra preciosa exige zelo e cuidado, mas o resultado é o mesmo... Uma bela escrita, independente do estilo do texto também é uma preciosidade para mim. Quem sabe um dia ainda tenho uma pretensão de tentar escrever: Mas o que? Uma coluna semanal num jornal sobre da cidade, ou quem sabe uma história infantil...
Tenho dito para os alunos da EJA que eu continuo me alfabetizando: hoje escrevo melhor do que há três anos, daqui a 5 anos estarei escrevendo melhor do que hoje, se continuar praticando. As observações dos alunos das séries iniciais acontecem durante os conselhos de classe participativos, quando conversamos, avaliando o curso, as aulas e as suas aprendizagens...Eles, maravilhados, com a professora que ouve suas perguntas,fala, anota... “Quando será que nós vamos estar escrevendo assim?”
Sempre conto essa história na qual acredito mesmo!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

QUEM ME VIU...QUEM ME VÊ

Estou finalizando os estudos de matemática, especificamente a Teoria dos Campos Conceituais, embora já havia lido algo sobre o assunto, não me chamou atenção.
Apesar de ser progressista, tenho um lado bastante conservador, não troco nem marca de produto doméstico, simplesmente por trocar, aventurar, ou experimentar...Somente por uma razão substantiva que faço trocas. Muito menos seria a primeira vista que acreditaria numa abordagem tão inovadora da tradicional matemática.
Porém hoje já sei, inclusive que a matemática que se estuda no PEAD, é a matemática com significado pro dia-a-dia das crianças e para a vida. Onde se leva em conta seus esquemas mentais, bem como o raciocínio próprio desenvolvido em cada problema na busca do resultado.
Acredito que essas crianças não vão ter traumas da matemática como as gerações passadas, onde necessariamente seguíamos os mesmos passos que a professora determinava, embora nosso resultado também tivesse correto.
Quando vi que o criador do método, psicólogo Gérard Vergrand foi discípulo de Piaget e Vygosky, intelectuais que muito contribuíram na área educacional, já me interessei em estudá-lo mais, e fiquei conhecendo melhor a Teoria dos Campos Conceituais, que engloba as noções do campo aditivo ( composto por soma e subtração), e do campo multiplicativo( composto pela multiplicação e divisão), que segundo o autor “ representam as 2 faces de uma mesma moeda.” Nessa metodologia o aluno pode buscar o resultado com seu jeito próprio, pois não há um só caminho para solucionar os problemas, para isso vai fazendo os registros até chegar afinal ao resultado.
Trabalhar com campos conceituais, segundo alguns estudiosos, “significa romper o contrato didático estabelecido tradicionalmente”. Primeiro apresenta-se para o aluno a situação-problema. Depois da questão estar elaborada pelos alunos é que inicia a discussão sobre possíveis maneiras de resolver o problema.
Este modo de aprender serve muito bem para os estudos de ciências naturais.
Portanto hoje a matemática pra mim não é mais “bicho-papão”, pode ser uma disciplina interessante e desafiadora.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

UÁI!...AULAS DE MATEMÀTICA NO PEAD......

Quando li meu e-mail dando tal notícia , fiquei assustada . Matemática para mim sempre foi um “bicho-papão”...
Imaginei que se tratasse “ daquela matemática antiga” dos meus tempos de primário e secundário,onde se fazia operações mecânicas, descontextualizadas, sem significado nenhum.
Mas, ufa! O professor Luiz Mazzi foi um alívio. Durante a apresentação da interdisciplina que leva o simpático nome de “ Representação do Mundo pela Matemática”, já deduzi não se tratar daquela matemática que ainda habitava minha memória e minha emoção. Nosso professor do PEAD ao apresentar essa matemática que tem tudo a haver com o mundo. Sua exposição inicial bem acessível e dialógica, desbancando e desmistificando a antiga “pose” da tal matemática.
Eu lá sentada com “meus botões”, estava louca de vontade de falar dos meus traumas , e da visão que tinha da mesma; quando a sábia e muito querida professora Drª Mari Jane de Carvalho, numa “tirada” telepática e bem psicóloga, junto com o professor Luiz, quis saber como percebíamos a matemática. Foi então que aproveitei para fazer a catarse, gestada em anos de briga com a disciplina e seus professores, que sem excessão estavam num pedestal, usando ” sapatos altíssimos” . Esse era o filme que desenrolava na minha cabeça. Porém a aula foi uma beleza!
Trabalhamos com uma caixa de material concreto, onde após fazermos nossas constatações, relatamos as mesmas.
Ótimo também foi descobrir o jogo de pife, com a numeração maia. Todas nós gostamos muito. Fiquei “sorvendo” as trocas das colegas Elaine e Micheline de como poderiam trabalhar o material com seus alunos.

Apresentação da Reflexão-síntese

Considerei muito boa as apresentações do nosso grupo. Não sabia que já havíamos evoluído tanto assim. Percebi isso principalmente naquelas colegas que pareciam mais tímidas, deram seu “recado” muito bem. Inclusive uma das colegas trabalha numa escola rural, organizou uma excursão à sede do município para visitar o laboratório de informática, lá ganhou um computador em desuso, com problemas... Sabem o que ela fez? Montou o computador pondo o mesmo em funcionamento, e com seus entusiasmados alunos iniciaram o bê-á-bá digital.
Achei fantástico. “Parabéns pela iniciativa!” Confesso que fiquei emocionada com o depoimento dessa colega.
O professor Benitez e a professora Maximilia formaram a Banca Avaliadora (É assim que se denomina?). Percebi pela expressão de suas fisionomias que também aprovaram as apresentações. Intervinham questionando e reforçando alguns aspectos abordados, qualificando ainda mais nosso aprendizado.Também fazíamos avaliações cooperativas, registrando em ficha recebida nosso parecer sobre o trabalho apresentado pelas colegas.
Quanto a mim, estava mais tranqüila para essa apresentação do que nas oportunidades anteriores. Gostaria de ter utilizado uma tecnologia para mostrar meu crescimento, mas, como ainda não tenho desenvoltura em utilizar essa ferramenta, achei mais seguro simplesmente ir falando na minha apresentação, já que faço isso com relativa facilidade. Levei meu “pen drive” (presente –desafio que ganhei no natal) com meus registros, caso precisasse usá-lo, esse foi útil nas apresentações de algumas colegas, já que aconteceram alguns problemas e foi preciso passar o material para outro computador.
Percebi com uma pontinha de ciúme, o quanto às experiências das colegas que estão em sala de aula são mais ricas e interessantes, apenas me conformo, porque assim eu posso ser “multiplicadora” do que tenho aprendido no PEAD... Como vice-diretora na EJA, e professora bibliotecária tenho contribuído com idéias e ações instigadas e “gestadas” no Curso de Pedagogia.
De relevante gostaria de mencionar que esse semestre foi o melhor de todos, trabalhando muito bem a questão do sentimento, do prazer, da magia ao buscar o conhecimento. Pra mim isso tem um significado especial, pois a minha formação teve o forte viés do tecnicismo. Ludicidade foi a mais interdisciplinar de todas as disciplinas, marcou pela inovação; conforme a Dra Tânea Fortuna “um novo paradigma para a educação”. Nas Artes Visuais pelas quais tenho um gosto pessoal, não poderia deixar de citar a utilização da ”Proposta Triangular” a qual contextualiza o ensino de artes, ampliando os conhecimentos. Itens esses que também foram mencionados por várias pessoas do grupo.
Trabalhar Música e Teatro num enfoque novo e de processo educativo foi interessantíssimo para minha prática. Antes já utilizei esse recurso, mas reduzindo-o somente para comemorações e datas festivas.
Foi em Literatura Infantil que senti o quanto o ambiente virtual pode facilitar nossa vida. Entramos no grupo (Elaine e eu) nos comunicando pela Internet; combinamos tudo: história, vestimentas, cenário, personagens, divisão de tarefas e dos custos. Só nos encontramos presencialmente no Pólo para fazer um ensaio geral na semana anterior à noite da Contação de História. Foi muito bom ter vivido essa facilidade, assim como os colegas sentiram esse valor em outros aspectos.
Mas é a interdisciplina Seminário Integrador que mais nos provoca a refletir sobre nossas experiências, desafiando-nos a superar limites, ousar em novas possibilidades, efetivando mudanças em nós e na nossa prática educativa. A apresentação oral foi um testemunho disso. O medo e a insegurança anteriores ao trabalho, agora se transformaram em vivência bem sucedida e alegria.
Assim que percebi o clima da pós-apresentação entre o grupo. Muito bonito!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Ja aprendi bastante, mas ainda tenho muito que aprender

Reconheço que todo profissional consciente precisa permanentemente estar se qualificando e se atualizando para acompanhar os desafios do mundo atual. Um destes desafios é relacionado ao domínio das novas tecnologias de informática.
Sou dos que consideram o computador um invento excepcional, apesar das dificuldades de acessar e manejar seus infinitos recursos disponíveis. Minha geração tem dificuldade e inclusive fobia de utilizá-lo, acreditando que é de difícil manuseio e tenha facilidade para estragar.
Neste clima então é que venho empreendendo meu bê-á-bá digital. Acredito que já aprendi bastante, mas ainda tenho muito para aprender. Esta seria a definição mais fidedigna da minha atual situação!
Atualmente utilizo naturalmente meu E-mail: abro, respondo e envio as mensagens. Esse já é um recurso incorporado no meu cotidiano. Digito todos os meus trabalhos no “Word”, embora ainda não saiba usar todos os recursos do programa. Pesquiso no google, bem como em diferentes sites. Entro em todos os ambientes virtuais do PEAD com tranqüilidade, embora ainda tenha detalhes que me atrapalho.
No trabalho da “Contação de História”, a Elaine e eu tivemos uma experiência de interatividade virtual no trabalho em grupo; quando fizemos todas as combinações sobre a escolha dos personagens, suas falas, divisão das despesas e apresentação, tudo pelo computador; apenas nos reunimos presencialmente no Pólo para o ensaio final e a apresentação da história. Aliás, funcionou tudo bem. Foi a 1ª vez que vivenciei a interatividade que o computador pode proporcionar... Fiquei radiante com a experiência.
Outro problema que enfrento é da própria Internet, dizem, por ser discada funciona mal. Tentei colocar um terminal que funcionasse a rádio, por enquanto, os técnicos dizem que não é possível. Tenho me valido do Labin da escola (possibilidade que depende do humor da responsável), mas houve um problema de roubo de um CPU que me deixou constrangida de voltar a utilizá-lo em horários, onde não há alunos... Ultimamente utilizo as “Lan Houses” que existem no centro da cidade; tem sido uma boa solução!
Mas o ruim é que tenho estado sozinha, porque não tenho com quem compartilhar quase nada sobre os estudos, pois apesar de ter uma colega da mesma cidade, moramos em bairros diferentes, e nossos horários não coincidem.
Tenho dito que o estudo pra mim é um prazer, o que ainda me complica é a falta de um maior conhecimento digital. Tenho tido problemas em função disso, como por exemplo: perder datas e precisar refazer trabalhos prontos, enviar tarefas e não ver as mesmas postadas. No Memorial da Infância incluí 2 fotos bem ilustrativas : uma sentada numa tradicional cadeira para registrar um ano de vida, outra no colo de minha mãe, acompanhada pela vó, bisavó e tetravô, quando estavam reunidas 5 gerações (“ Ensaio de matriarca”, quem sabe he,he, he!...)as quais não foram anexadas, apesar de tê-las visto lá...
Já chorei feita criança pelos meus desacertos na informática, otimizados ainda mais pela falta de tempo.
Porém tenho superado o problema com a ajuda dos tutores, de meu filho, a minha família tem me ajudado na constituição de uma nova auto-imagem; no ano passado ganhei um computador novo, com tela de plasma... Agradeci, mas pensei :” é muita areia pro meu caminhãozinho”, “segurei na pose !” como diria a professora de teatro, quando fazíamos o exercícios de improvisação e interpretação.

A mais interdisciplinar das disciplinas

As interdisciplinas desse semestre estão “mexendo” muito positivamente comigo.
Apesar de tê-las adorado, estão ampliando minha visão de como trabalhar melhor em Literatura Infantil e Artes Visuais, aprendi até nas próprias aulas práticas /presenciais, técnicas que poderemos adaptar às nossas aulas.
Constatei também ao vivo tudo o que precisa um bom professor para trabalhar com Música e Teatro, infelizmente nestas disciplinas não fui tão bem sucedida. Até hoje fui apenas espectadora, como professora ainda fiquei aquém de dar boas aulas de teatro e música.
Entretanto, preciso admitir que a grande inovação pra mim, e acredito também que seja para a maioria das escolas, a mais interdisciplinar de todas as disciplinas tem sido Ludicidade.
Seu enfoque propõe transformar a forma de trabalhar num novo fazer pedagógico mais “brincado”, resgatando inclusive velhas brincadeiras e brinquedos, com função mais importante que antigamente supúnhamos possuírem.Também me surpreendeu a pequena necessidade de recursos materiais utilizados. O professor de Ludicidade Élder Cerqueira foi “mestre” em coordenar atividades tão ricas, com pouquíssimos recursos materiais, exceto a aula com material de sucata, que, aliás, foi um show.
No meu entender, o lúdico perpassa uma ampla transversalidade, onde se constrói a possibilidade de trabalhar abrindo à apreciação das artes, a partir dos conhecimentos obtidos na escola. A ausência da ludicidade “mataria” esta possibilidade de olhar o multiculturalismo, a percepção estética e uma visão contextualizada da arte.
Por que digo isso? Pela observação do que acontece com as aulas de Artes na minha escola. Só com as tradicionais aulas de arte, não tem como sensibilizar os alunos (pelo menos na nossa experiência) e despertar o gosto pelas diferentes expressões artísticas.
Tenho interferido muito cuidadosamente na escola para colocar essa nova concepção, mais alegre, menos sisuda de estudar, mais afetiva de nos relacionar, mas sem perder “a seriedade e a rigorosidade técnica” como nos ensina Freire.
Quanto a mim, pessoa, em função de todos os ensinamentos obtidos, estou “ensaiando” uma postura diferente de ver e me posicionar diante dos fatos: mais solta, flexível, sem tanto estresse e cobranças.Diria mais bem humorada, mais lúdica.
Como eu não possuía conhecimento nenhum nessa área, sei da necessidade de aprofundar esse tema enquanto profissional, para melhor utilizá-lo nas aulas. Embora sempre tivesse tentado lidar com os problemas da sala de aula com diálogo, bom senso, serenidade e até bom humor, quando possível.
Entretanto hoje sei, porque concluí que trabalhar e viver com ludicidade é investir em qualidade de vida. Também significa nos permitir ter desejo, sonho e fantasia e utilizar esses sentimentos fantásticos e mobilizadores na educação.
A ludicidade tem um viés ideológico transformador, conforme a professora Tânia Ramos Fortuna, onde o brincar e o lúdico abrem espaço, valorizando o prazer como um direito e expressão inerentes do ser humano, cada vez mais reconhecido e referendado para ser um novo parâmetro nas nossas relações conosco mesmos, com os nossos semelhantes e com o mundo que nos rodeia. Entendi que assim se faria uma revolução!

Ligada nas Artes

Tenho gostado muitíssimo das aulas de Artes Visuais, tanto das aulas presenciais, quanto dos textos disponibilizados no ambiente virtual Rooda e das sugestões dos sites com temáticas de complementação ao conteúdo das aulas. Confesso que as mesmas tem servido para meu aperfeiçoamento profissional, mas também para minha vida pessoal, já que me considero uma amante das artes...
Aliás, nada me “religa” tanto à vida e à espiritualidade do que “sorver” as diferentes expressões de arte. Quando saio de uma visita ao MARGS, de um Show Musical, de um espetáculo teatral que assisto, sinto-me plena... Sempre fui assim... Sempre falo isso pro meu marido que é muito religioso, até meio “carola”... Minha fé não esta ligada a religião, igreja (a obra arquitetônica em si me emociona mais que a pregação) A fé surge e existe na contemplação da beleza da arte, na luta que os homens “imprescindíveis” como diz B. Brecht travam para tornar mais bonito e melhor o mundo. No fundo pra mim, essa atuação também é uma forma de burilar uma obra de arte nascida a partir talvez, até do “ big-ben” inicial... O que não me importa muito! A verdade é que cá estamos, quanto melhor este planeta se tornar para cada um dos viventes, melhor será para todos que tiveram esta fugaz oportunidade, de deixá-lo ainda melhor. Seria um tributo de gratidão a esta passagem.
Precisaria ter nascido com o DNA mais carregado de genes dotados para as artes, eu seria artista com certeza! Apesar de que como espectadora já me conto satisfeita e feliz. Ainda mais agora que aumentaram meus conhecimentos na área, professoras Ana Cláudia e Viviane. É um fato real!
Segundo os estudos que fizemos no belíssimo material teórico produzido por vocês, fiquei sabendo que todos podemos ter “produções artísticas”, embora não sendo artistas; também que estamos rodeados de arte...Descobri que minha casa é cheia de arte, especialmente a popular, que ADORO: são peças de várias partes da América do Sul e Central, muitas de artesãos brasileiros. Só eu as limpo, por puro zelo e medo de alguém não cuidar o suficiente, vindo a quebrá-las.
A grande novidade foram os passos que são recomendados ao professor seguir no trabalho com artes: 1º-2º- 3º.......
Foi fundamental pra que nos utilizássemos desse saber para melhorar as aulas de artes em nossa escola, bem como o relacionamento com a prof.ª, que é muito competente e capaz, mas acadêmica demais, não dava enfoque interdisciplinar ao conteúdo trabalhado, não contextualizava as aulas, trabalhava a técnica e ponto final. Com os novos conhecimentos adquiridos no PEAD e aplicados nas nossas aulas, essas tornaram-se significativas e interessantes; tudo melhorou. Hoje de posse de uma réplica, a professora continua fazendo a releitura da obra (antes era somente a cópia, acredito eu), analisa o estilo da obra, compara com outras obras, contextualiza na época em que foi produzida, pesquisa sobre a mesma, inclusive na Internet, expõe coletivamente os trabalhos, os alunos fazem avaliação cooperativa, dizendo o que significou fazer o trabalho....
Inclusive terminaram os problemas de indisciplina. Outro aspecto que deixou os alunos da EJA(Tot. VI ) muito satisfeitos foi terem constatado, em diálogo com seus filhos que algumas questões trabalhadas em sala de aula em Artes, caíram nas provas do ENEM. Teve uma importância grande terem podido ajudar os filhos nos estudos e saberem responder essas questões; foi um comentário geral na escola!
Como professora, por gosto pessoal, por intuição e com intencionalidade de apresentar as artes aos alunos, sempre tentei mesclar e permear estas, nas disciplinas que trabalhei, mas como um meio para tornar mais atraente tal conteúdo, numa culminância, como conhecimento geral, curiosidade, atividade para uma hora cívica ou data comemorativa.... Entretanto, a grande lição foi....”A investigação da natureza da arte como forma de conhecimento. Ou seja, a arte como objeto do conhecimento...” Aprendi que as artes são por si objeto de estudo, com uma transversalidade fantástica quer na área sócio-lingüística, sócio-histórica bem como na sócio-científica. Que através delas podemos estudar o mundo da atualidade, bem como de outras épocas, desenvolvendo a visão artística, a sensibilidade e o humanismo nas pessoas.
As artes devem ser trabalhadas no cotidiano da sala de aula, em todas as disciplinas, não precisam esperar data comemorativa, assunto árido; pois todas as aulas deveriam ser diferentes, interessantes e significativas.
Lembro-me de um dia que tive de substituir às pressas, uma colega de português, passei na biblioteca, peguei umas dezenas de livros de poesia. A tarefa era cada aluno escolher um livro, destacar a poesia que mais gostou, copiá-la, destacar palavras desconhecidas, procurando as mesmas no dicionário. No final do segundo período, fazer um pequeno recital. Nos dois últimos períodos ir à biblioteca, utilizando bibliografia ou Internet para saber mais da vida do autor. Foi um trabalho muito bonito! Não sabia que aqueles alunos da EJA tinham tanta estética... Seria com certeza, as poesias que eu teria escolhido(digo isso,porque sou professora bibliotecária e conheço quase todo o acervo ) e daí nasceu no nosso curso a noite do Recital de Poesia, inclusive o turno do dia iniciou esta experiência neste ano. Todos adoram: alunos, professores, pais e convidados.

Melhor do que eu imaginava....

Gosto muito de teatro, percebo-o como algo que passa uma mensagem forte e visceral, que tem a capacidade de mexer sempre conosco. Tenho uma visão de espectadora, semelhante ao que sinto em relação à música ( só que a sonoridade, a diversidade e expressão genuinamente cultural é a sua tônica), percebo teatro como uma forte presença do ser humano concreto, onde o ator( seu corpo, sua fala, seus gestos) tudo manifesta expressão e comunicação.
Apesar de já ter assistido a várias peças de teatro, enquanto professora me considero bastante inexperiente.
Além de solicitar que os alunos façam algumas dramatizações, estimular sua ida ao teatro, não sabia fazer nada mais. É lógico que nunca até agora utilizei o teatro, como seria o indicado, segundo os PCN: “O conjunto de conteúdos está articulado dentro do processo de ensino aprendizagem e dividido em 3 eixos norteadores”:
a- Produzir e/ou criação do fazer artístico.
b- Apreciar ou leitura da obra de arte.
c- Contextualizar.
Teatro também é objeto de conhecimento, ou seja, produz conhecimento, têm relação com a filosofia, a história, a literatura, as ciências, etc...
Mas, o teatro ainda propicia todo um trabalho de expressão corporal, fisicalização, improvisação, técnicas de dramatização o que trabalha nosso corpo, tornando-o mais solto e flexível física e psicologicamente, a ponto de percebermos a realidade e a verdade do outro, incorporada e encenada pelo personagem. Foi o que pessoalmente senti nos exercícios em aula, é mágico esse perceber o outro.
Deve ser por isso que todos os regimes totalitários, depois de perseguir adversários e intelectuais, chegam até aos artistas; estes estão a frente, pois já sentiram e perceberam mais do que a massa, pela qual são idolatrados.
Mas gostaria de relatar também o que vivenciei na aula de teatro que já registrei no meu Inventário Criativo.
Nossos alunos do EJA como já de costume foram assistir “Il Primo Mirácolo” de Dario Fon, tendo como ator e diretor Roberto Birindelli, que se apresentou em Torres.
O monólogo trata do primeiro milagre de Jesus, mas satiriza questões aceitas e reproduzidas pela “Sagrada Família”, tais como: a opressão, a fome, o exílio, preconceitos raciais. O personagem de posição agnóstica, fez uma divertida comédia, sem em momento algum hostilizar as religiões. Acontece que uma grande maioria dos alunos da Tot. I e II, com os quais trabalhei, são evangélicos (pentecostais), e se insurgiram quanto ao teor da peça, achando-a desrespeitosa com Jesus. Mas reconheceram o talento do personagem “Professora ele fez tudo com o corpo...” Outros continuavam revoltados, quando uma aluna negra disse que não gostou, pois quando o ator falou em racismo apontou para ela. Mas que ela própria, já fora paga com 20 reais, lá em P.A., no dia e na igreja tal, para dizer aos prantos que tinha uma doença incurável e que o pastor fulano a benzeu...E que ficou curada. Teriam dito que poderia ser artista da rede Globo! Tão bem teria representado!
Diante da minha perplexidade, retomei o assunto da peça, fazendo alguns questionamentos, tendo a certeza que toda a discussão imprevista, foi tão ou mais importante que os exercícios que havia planejado sobre:
Ah, ia esquecendo de dizer que o primeiro assunto, introdutório apenas, seria avaliar sobre o teatro que assistiram...Tema que tomou quase toda aula.
-Contar s/ sua ocupação principal através de mímica;
- Improvisar, apresentando seu nome próprio.

Saí da sala pensando que aula foi um fracasso, inclusive relatei à professora, que disse ter achado aspectos interessantes, ao que me orientou a aprofundar a reflexão teórica, o que foi feito, o que melhorou meu parecer s/ a aula...
Mas, o que mais me deixou satisfeita foi acompanhar a apresentação destes mesmos alunos na atividade: Noite Cultural sobre a Consciência Negra, quando através de mímica e gesticulação, e narrando alguns trechos... Contaram a história do1º enforcamento acontecido no RS, no séc. XIX, quando um negro foi acusado de desviar material de construção na Igreja N.Sra.das Dores, e condenado injustamente à forca.( o ladrão era um rico senhor) O injustiçado teria amaldiçoado a igreja, para que nunca fosse concluída, e se concluída, logo ruísse novamente; fato que dizem tem acontecido.
A história foi lida para os alunos, com o objetivo de mostrar que tal como acontece atualmente, o negro sempre é o acusado diante da suspeita entre duas pessoas de etnias diferentes, caracterizando o racismo.
Foi ótimo ver que participaram teatralizando a mesma.

A música alegra o coração!

Embora goste muito de música e de cantar, não sabia quase nada de como trabalhar música com as crianças. Foi marcante a mensagem de incentivo das alegres e excelentes aulas da professora Leda .Também merece registro a qualidade dos textos à nossa disposição no ambiente ROODA. Li todos eles com atenção e me esclareci bastante sobre como no Brasil acontece a concessão de funcionamento de emissoras de TV e Rádio, perigosa ameaça à democracia segundo Emir Sader; a influência da mídia sobre o gosto musical das pessoas; o monopólio das gravadoras e suas artimanhas para manipular a audiência das produções musicais, sem compromisso com a qualidade destas; a alternativa das produções independentes. Assim tivemos oportunidade de ampliar nossos horizontes sobre o tema música e mercado.
Minha tarefa primeira para as férias é “garimpar” música de qualidade para trabalhar com as crianças do currículo, vou buscar as indicações recebidas nessa disciplina no texto: “Grandes Músicas para Pequenos Ouvintes”. Conforme solicitação da supervisora do currículo da nossa escola, sendo eu crítica voraz da escola reproduzir “ as porcarias que se ouve na mídia”, anunciei que no PEAD havíamos recebido orientações de boa música para crianças, ao que prontamente foram aceitas as sugestões e eu fui a encarregada de buscar o material.
Pelo menos, temos nos empenhado para incentivar os alunos a serem ouvintes sensíveis, intérpretes ou mesmo compositores talentosos.
Na EJA, curso que dirigimos, sempre somos convidados a participar das programações de arte do município. Iniciamos promovendo programações na escola tipo: ”Noite de Talentos musicais”, ”Recital de Poesia”, “Tertúlia Farroupilha”, “Sarau na Escola”, o que desenvolve no aluno um gosto pelas Artes. Sou testemunha de que todo ser humano tem estética e sensibilidade.
Pelo interesse e pela postura que os alunos demonstram, já fomos convidados a assistir a OSPA, a Orquestra de Câmara da ULBRA, ainda nesse ano fomos convidados para a Abertura do Seminário Internacional de Educação, para assistir o Concerto da Escola Municipal Vila Lobos (?) de Porto Alegre, que interpretou diferentes gêneros musicais: desde canções regionais até internacionais; do popular ao erudito,jamais assisti um concerto de amadores com tal qualidade!
Nossos alunos ficaram muito tocados, perceberam que eram jovens de periferia como eles. Seus depoimentos e avaliações s/ o espetáculo me emocionaram muitíssimo. Lembro de uma senhora já idosa que falou: ”Olha, só por isso já valeu a pena voltar a estudar!”
Num final de ano convidamos um “Terno de Reis” para cantar no encerramento, um pouco temerosos de que a moçada pudesse não entender e não gostar...Mas, foi um sucesso.
Também no bairro onde moro no último ano houve apresentação do “Terno de Reis”, deu até notícia..Pois na região não se acreditava que ainda existissem os mesmos. Hoje, na programação oficial de Natal e Ano Novo do município já constam apresentações destes.
Devagar a música está tomando o lugar de destaque que merece, tanto nas escolas, quanto nas comunidades e no município. Aliás, este povo tem muita musicalidade...
Se eu fosse uma autoridade na área educacional, criaria escolas de música, inclusive privilegiando velhos músicos que tocassem bandolim, cavaquinho, violino e outros instrumentos musicais quase em desuso. Apesar do Brasil ter grupo musical, com renome internacional onde os instrumentos são confeccionados de sucata.
Defendo também a música como ferramenta de promoção de crianças e adolescentes que estão vivendo a margem da sociedade, pois promover o resgate e a reintegração na sociedade seria dever dos governantes. Muitas cidades, estados e países tem usado com êxito a música na promoção da cidadania.
Quando há quase 30 anos cheguei em P.A. para estudar, logo descobri o dia dos ensaios da OSPA (Entrada gratuita-3ªs feiras (?) - no antigo Teatro Leopoldina na Independência),
para entender e perceber melhor a música, precisei estudar história, comprovando que as artes se interligam com outras áreas do conhecimento, idêntico ao que acontece hoje ainda com alunos e professores.É a arte abrindo as portas do conhecimento .