quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sobre as Considerações que Marta Kohl de Oliveira tece sobre a EJA


Ninguém dos autores da atualidade no Brasil tem estudado tanto a EJA quanto esta professora/autora. Ao contrário do que temos visto na prática escolar cotidiana, essa modalidade de ensino é portadora de uma especificidade cultural ímpar, não tendo sido ainda tratada de forma a levar em consideração tais características, na hora de construir políticas públicas ou mesmo construir o planejamento escolar.
Sobre o adulto que freqüenta a EJA nos chama atenção de que não se trata do adulto médio, branco, estabelecido social e financeiramente, como costumeiramente o temos retratado. Seu perfil pela pluralidade pelas suas experiências e vivencias é individual , embora participante de um determinado grupo social.
Também fala na condição do jovem, excluído da escola, mas, com mais condições de concluir o ensino fundamental por estar mais integrado no mundo urbano, letrado e escolarizado.
Nesse item faria uma ressalva... Dentre os jovens de hoje, percebe-se uma grande infantilização na EJA.
Na nossa experiência notamos que todo jovem que apresenta dificuldade na escola no ensino dito regular, quer seja de aprendizagem, quer de comportamento ou inclusive de NEE é direcionada para a EJA. E o mais grave disso é que na hora de tentar resolver esses desafios, a EJA não tem condições de prestar esse trabalho, por que não tem esse tratamento diferenciado que precisaria ter: com infra-estrutura administrativa e pedagógica para enfim poder resolver tais desafios educacionais postos. Percebo uma forte inadequação administrativa, pedagógica e psico-social para encaminhar demandas importantes dessa modalidade de ensino, causando hoje alto índice de retenção e evasão da escolar.
Voltando a autora, ela chama nossa atenção para o perfil dos alunos da EJA, diz que o que tem de homogêneo é a condição de : 1º- “não-crianças”, 2º- excluídos da escola, 3º- membros de determinados grupos culturais. Outro aspecto que refere é a fraca produção na área da psicologia ligada à aprendizagem do adulto. E salienta que a fase adulta é bastante plural desde seu início até e enquanto durar a fase da autonomia, que a terceira idade pode ter por um bom período de tempo (esse é o mais longo da vida), mas ainda não reconhecida como “substantiva do desenvolvimento”.
Também orienta sobre a ampla multiplicidade que podem compor os aspectos culturais que permeiam as vidas de um único grupo social, como o ex. que foi seu objeto de estudo: os migrantes nordestinos que vivem em SP. Diante disso é verdadeira nossa dificuldade em saber quem são os nossos alunos. Quais sonhos buscam no curso, o que afinal querem? Necessitam dominar melhor os conhecimentos da escrita e da fala, para poder se mover no mundo urbano da linguagem ? É uma qualificação para o mundo do trabalho que necessitam? Ou é um projeto meramente de promoção pessoal para estar na escola retomando o tempo perdido, já que não puderam fazê-lo em idade própria?
(POSTAGEM REFERENTE TERCEIRA SEMANA DE ESTÁGIO)

Um comentário:

Roberta disse...

Malu!

É uma pena não encontrar aqui no teu blog os registros e reflexões dos teus momentos de estágio. Perdeste uma importante forma de diálogo.

Abraços
Roberta